20 de junho de 2011

Libri (parte I)

Quem eu sou, julgo saber. Para o quê, não faço ideia.
Sinto não seguir o meu caminho. Ando pelo o caminho de alguém, pelo caminho de uma sombra, sombra essa que me precede. Eu não a vejo, e tão pouco alguém a vê. Mas as marcas são bem notórias, ainda que invisíveis. Ao andar, recalco as suas pegadas. Faço delas as minhas pegadas e a cada passo, retrato o seu caminho, o caminho da sombra. Parece não existir outro caminho. Mas a minha mente diz-me que não, caminhos há muitos.
Quando me engano, ou quando a mente sugere um passo diferente do da sombra, sinto, desde os pés à cabeça, uma espécie de auto-realização. Sinto-me bem. Sinto-me diferente, sinto-me capaz de tudo sem ter feito nada, visto que, muito, seria ter calcado a marca da sombra. Como não o fizera, depressa alguém o faria por mim. Alguém refaria a marca. Talvez o vento, talvez a água quem sabe se o fogo ou mesmo a terra. Por certo que fora a Mãe Natureza.
Olhei para trás e sabia que aquela não era a minha pegada, mas a pegada que agradaria a um alguém. Eu e a minha mente sabíamos o que fizéramos. Só isso interessava. Não era tão pouco isso que me fazia continuar a andar nas marcas da sombra, mas sim o desejo de voltar a errar.
Quando ando, devagar ou depressa, tanto lhe dá. Só tenho, pura e simplesmente, que andar atrás da sombra. Volta e meia a mente assombrava-me com pensamentos fascinantes. Um caminho diferente. Um caminho ora traçado por outros, ora novo por estrear. Um caminho que interceptava outros caminhos. Estórias e mais estórias para serem contadas, aventuras para serem vividas e novos caminhantes por se conhecer. Conhece-los, e saber se também seguem uma outra sombra.

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