1 de setembro de 2010

Utopia

Sentado na mesa do bar, ouve o som de fundo da imensidão de estudantes na fila à espera do habitual lanche, sem o incomodar lê e-mails e passeia pelo facebook. O telemóvel toca, um tal número desconhecido, efectua o tal compasso de espera, pigarrea e atende.
"... Bom dia .... Sim é o próprio ... Ah, sim diga diga ..."
Enquanto discutia uma marcação para visitar um ginásio, do nada uma rapariga senta-se na cadeira em frente. Uma rapariga aparentemente vulgar, cabelos ondulados pelos ombros, olhos castanhos e um sinal na bochecha esquerda. Um rapariga invulgarmente linda. Sorriu-lhe. Pegou na caneta que ele sob a mesa, pegou num guardanapo e escreveu, "Olá". Pasmado continuou a conversa e acenou com os dedos "dois minutos".
"... sim sim ainda aqui estou ... então dê-me o número para o qual eu devo fazer a marcação ... 21 ... 763"
E enquanto ditava os números, fez um gesto pelos olhos para que a rapariga anota-se o número.
"217634456, obrigado e boa tarde."
Desligou, pousou o telemóvel e reparou que do outro lado do bar estavam duas raparigas muito atentas ao episódio. "Que raio se passa aqui, será alguma partida, nem sei que faça", pensou.
- Olá
- Agora sim, olá.
- Estou a ver que estás muito ocupado ...
- Tem dias, mas agora deixei de estar. Desculpa mas posso te ajudar, querias alguma coisa?
- Sim só queria alguém com quem conversar. Estás disponivel?
(Parou e pensou duas vezes antes de abrir a boca)
- Tens planos para o jantar? - rematou o rapaz,
- Nem por isso.
- É que eu preciso de alguém que me faça companhia, aceitas?
- Jantar onde?
- Onde te der mais jeito, anda dai, conversamos pelo caminho.

Fechou o portátil como se de um laboratório tratasse, arrumou tudo em três tempos. Levantaram-se e saíram. Enquanto saia lembrou-se do guardanapo, ao voltar para a rapariga olhou para a mesa das outras, e uma delas piscou-lhe o olho, como se tivesse ganho a aposta.

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