19 de janeiro de 2010

Olhares

Acordara cedo, sem saber muito bem o motivo.
Mas depressa saberia que seria por um bom motivo. Um encontro. Digamos que não é propriamente às oito da manhã a hora ideal para se encontrar com alguém, dai que também não fosse um encontro propositado, mas deixemo-nos iludir.
Para lá da porta duas raparigas desconhecidas. Como qualquer outra pessoa faria desejei um bom dia e elas retribuíram da mesma forma. Apesar de serem de faculdades diferentes deviam ser amigas, pelo menos entre elas gelo não havia.

Ao sentar-me à mesa com elas, o meu olhar focou-se especialmente na rapariga que estava mais longe. Aparentava possuir beleza, mas o que mais me impressionou foi o seu olhar.
Uma cor de olhos de um leve castanho aprimorado com um sopro de verde escuro, luzidio de cristal. Eram como um rio de águas cristalinas cujo leito era todo ele de um aprazível âmbar.
Um olhar que sorria por ele próprio e propagava alegria e felicidade a quem o focasse. Um olhar que me fez ganhar o dia.

Do último olhar é tudo o que me recordo.
Talvez da próxima consiga mais que um simples olhar.

18 de janeiro de 2010

Ilusão

Sinto me só
mas acompanhado,
querer amar e
não ser amado.

Mas há quem me queira amar
alguém que só me quer bem,
se ao menos soubesse um nome
ou até um simples olhar.

Alguém que por me querer bem
permanece na omissão.
Pois bem ...
Se tudo isto é amor
nada disto é ilusão.

16 de janeiro de 2010

Nostalgia

Nostalgia ...
... aquele momento ...
... aquele instante ...
que agora ressinto e pressinto
mas que não vejo, nem sinto.
Cá dentro, uma mística sensação
que me faz sentir bem,
sentir alguém.

Nostálgico, a lembrança de velhos tempos,
de bons velhos tempos em que união parecia perfeita, uma harmonia singela, arguta e cortante, tão cortante que acabou mesmo por cortar laços e fitas de uma coalescência que parecia amorosa, que parecia inquebrável.

Agora que o encanto persiste e resiste, e que cuja magia se virou contra o feiticeiro, fez dele quem ele hoje é.
Aprendeu a amar-se, pois não há amor mais verdadeiro do que amar-se a ele próprio.

7 de janeiro de 2010

Esboços sobre o Amor

Haverá amor mais verdadeiro, do que uma simples amizade?
Ou será a amizade a pólvora do amor?

Um enredo de elogios,
Uma panóplia de sentimentos,
Um palco uma vida,
Uma peça um amor.

Quem assiste ridiculariza.
Quem o representa
não só o ensina,
como se perde
no seu papel,
na sua vida,
no seu amor.

Haverá melhor mundo do que este?
Haverá melhor sistema, em que a moeda de troca são palavras, actos, e loucuras, como um único resultado a harmonia entre dois?
Haverá melhor castigo, do que a dor?
A dor, irmã gémea da alegria, em que apenas o seu feitio é diferente.
Haverá melhor coisa que o amor?

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É algo bom,
algo bonito.
Mas é pesado,
quando só um o carrega
chega mesmo a ser insuportável
agonizante.
Partilhado é maravilhado!

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Chamou-lhe bonita, vezes sem conta.
Quando a deixa de a ver, chama-lhe qualquer outra coisa.
Foi amor ou foi paixão?
A meu ver, amor seria, se lhe dissesse:
Foste bonita,
És bonita,
e se contigo não ficar
bonita serás!
Porque a beleza é intemporal
mas não é impessoal.

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Andavam de mãos dadas,
mas o que era dado era o amor
ao invés do ...
outro partilhado,
outro sincero,
outro fiel,
o outro verdadeiro amor!